09/07/2014

UM RESGATE DE NÓS MESMOS PELO OLHAR DO OUTRO

Hoje, dia nove de janeiro, completo 37 anos. Parece que foi anteontem que fiz 17 e ontem que fiz 27. Essas duas décadas passaram como relâmpagos. Entramos numa rotina maluca de cumprimento de obrigações, trabalho, luta e sobrevivência e não nos damos conta de que o tempo simplesmente se foi e continua escorregando pelos nossos dedos minuto a minuto. A correria insana nos consome a ponto de nos esquecermos, gradativamente, da nossa essência, das nossas raízes, dos amigos de infância e juventude, das pequenas coisas que nos traziam uma felicidade sem tamanho: jogar vôlei, dançar, patinar, jogar War, Banco Imobiliário ou Detetive em família, entre outras coisas. Ficamos apenas na promessa e usando o tempo como desculpa para as nossas frustrações. É como se endurecêssemos o coração. É como se nos perdêssemos de nós mesmos. O ditado de que só museu vive do passado faz sentido para não remoermos as coisas ruins, mas as coisas boas jamais deveriam ser esquecidas; pelo contrário, são elas que nos lembram, sempre, de quem somos e do que gostamos. O último ano foi muito especial para mim e para dois grupos distintos de amigos (décadas de 80 e 90) que marcaram fases diferentes da minha vida. Abrimos mão das promessas, driblamos o tempo e, finalmente, nos reencontramos – o Facebook, quando usado para o bem, surte resultados mágicos. Nessas reuniões, fiz impagáveis viagens ao passado. Mas foi num recente reencontro virtual, no último dia 02 de janeiro, que ganhei o melhor presente de todos os tempos: uma carta de uma grande amiga intitulada “O que me lembro sobre você...”.

Lilian
 
O que eu me lembro sobre você?
Lembro que te conheci quando ainda chorava que não queria ficar na escola...
Lembro que ficamos amigas...
Lembro uma vez que me ligou e eu fiquei tão feliz que gritei o seu nome...
Lembro das suas gargalhadas...
Lembro que curtia Guns e Legião Urbana, como eu...
Lembro que todos os meninos tinham uma "quedinha" por você...
Lembro que um dia veio em casa e eu não estava, quando cheguei você já havia conquistado o coração da minha avó...
Lembro daquele dia que os meninos tiraram seu calçado e você foi buscar na diretoria...
Lembro que escreveu seu nome completo na lousa e trocou o "Dias" por "Noites"...
Lembro que sempre você foi brincalhona e não tinha mau tempo... Exceto quando estava com cólica.
Lembro que estava na minha festa surpresa de 14 anos com toda a turma...
Lembro que tentou me ensinar a tocar violão... Tentou, porque gostar e ter vocação são duas coisas bem diferentes... Vendi o violão!
Lembro do seu sorriso...
Lembro também que tudo que ia fazer deixava o seu melhor...
Não me pergunte por que eu senti de escrever isso, eu não sei...
Mas eu sei que o carinho que eu sinto por você continua o mesmo!
Nossas diferenças: residência, posição social, família, estado civil, entre outras... Continuam indiferentes pra mim!
Ainda somos a mesma essência e eu vou guardá-la assim pra sempre: dentro de mim!!!
 
 Beijo, com todo meu carinho...
 Clau


Não vejo a Cláudia há 22 anos. Eu me emocionei quando li o e-mail acima, pois tem muito de mim que acabei deixando pelo meio do caminho... Eu nem sei mais se sei tocar violão... Mas termino o texto de hoje com uma certeza: vou resgatar o que perdi. Faça o mesmo você também!!!

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